6. À mercê de Belzebu
Assim que desperto, sinto uma dor insuportável tomar
conta de minha cabeça. A sensação era de que ela estava prestes a explodir.
Droga! Por que fui confiar na palavra de Rubie?Podia ter
trabalhado muito bem sozinha. Maldita a hora em que eu fora compactuar com ela.
Agora estava aqui de pés e mãos atados por uma algema de ferro, inquebrável.
Mas se Rubie está pensando que sairá impune dessa, ela está muito enganada. Ela
não pode quebrar o nosso pacto. Se ela o fizer ela morrerá.
Olho em meu redor: estava numa espécie de sala em
penumbra onde a única fonte de luz, eram duas velas bruxuleantes, em cima, do
consolo da lareira que jazia apagada. As chamas das velas reluziam sombriamente
no mármore negro. Podia vê-las bailar quando alguém irrompe pela porta a minha
direita. Como num ato automático, meu pescoço vira-se pra ver quem era.
-- Olá, Rúbia, querida... Pensou que eu havia me
esquecido de você? Hehehe... Ainda temos um acordo, não temos?—diz-me minha
parceira com um sorriso cínico na boca. Ela teria muitas coisas pra explicar. A
primeira delas seria de onde ela tirara aquela chave pra me libertar das
algemas, que pelo que sei provinham do inferno?
Rubie aproxima-se atrás de mim e me liberta. E sem
conseguir me conter pergunto:
--O que acontecera?
--Primeiro, vamos sair daqui, pois ainda é perigoso. Pode
haver algum demônio por perto... —avisa-me. Ela sai pela porta e sigo de novo.
Até quando aquele jogo de mestre mandou iria continuar?
***
Vou abrindo meus olhos e desta vez, me defronto com um
rosto totalmente desconhecido. Ele me sorria um sorriso desdenhoso com um ar de
superioridade.
Respiro fundo.
Cara esse negócio de ficar desmaiando a toda hora estava
me irritando. Toda hora vinha uma luz branca e bum! Lá ia eu caindo no chão
feito uma donzela indefesa. No entanto, no momento aquilo não me importava. O
que me importava era descobrir quem era eu e se realmente (o que acreditava
cada vez mais) eu era filho de um arcanjo além do mais de Miguel.
--Quem é vivo sempre acorda— diz-me um cara de cabelos
roxos no estilo moicano. Aquela figura parecia ter saído dalgum pôster de banda
de rock punk. Ele vestia uma bota de cano longo, uma calça jeans preta rasgada
na altura dos joelhos e uma jaqueta da mesma cor que encobria uma camiseta
vermelha que estampava o seguinte dizer:
Não se preocupe o inferno é aqui e agora, então não esquente a cabeça.
Tento me erguer, mas algo me prendia ao chão. Olho pra
baixo pra ver o que era. E por pouco não solto um berro. Havia dois pares de
mãos cadavéricos impedindo-me de sair do lugar. Elas brotavam do chão de
mármore negro. Mera menção que eu fazia de me mover, tornava-as fortes e tesas
como aço.
Eu só podia estar sonhando. Tendo um péssimo pesadelo.
Num instante fecho e abro os olhos. Fecho e abro novamente. Cara, não conseguia
acreditar naquilo.
--Pensa em ir a algum lugar, Yzael?—diz o punk de rosto
quadrado e sorriso falso.
--Quem é você? O que você quer?Onde estou?
--Ei, ei... Vai com calma, uma pergunta por vez...
Estamos em uma velha mansão abandonada... Sou Belzebu um dos príncipes do
inferno... E você tem algo que nos interessa...
Quando ele disse isso, levo minha mão sorrateiramente, ao
bolso de minha jaqueta. Aliviado exprimo um ”Ufa!”.
Ainda bem que eles não a pegaram. Ultimamente, eu mais me importava com a
concha do que comigo mesmo. Era muito embaraçoso, aliás, tudo que me acontecera
até agora era extremamente embaraçoso. Lidar com a descoberta de se u pai é um
arcanjo e que um séquito de anjo quer acabar com a sua raça, não é nada
simples.
-- O que é que eu tenho que interessa a vocês? –pergunto
antevendo de imediato a resposta.
--Quando o mestre chegar, você descobrirá. Por ora fique
aí quieto como um bom garoto ... —diz-me ele como se estivesse falando com um
cãozinho. Tentava sair, mas a minha prisão de mãos cadavéricas não permitia.
***
--Ei, ei, ei... Para!Onde estamos indo Rubie?—pergunto a
demônio que estaca a minha frente e fica me encarar. Estávamos num corredor de
chão atapetado vermelho. O corredor era iluminado por vários archotes de chamas
violetas. Chamas do inferno, obviamente.
--Tá. Vou te contar, mas se algo nos acontecer à culpa
será toda sua!E vê se não me interrompa... —diz-me ela tentando jogar a culpa
sobre meus ombros. E então ela inicia a sua narrativa:
—“Eu havia conseguido mandar Miguel de volta
pro céu, sem nenhum problema. Fiz um encanto de extração corpórea forçada ou
comumente conhecida por exorcismo. Os seres humanos, sobretudo, os padres estão
crentes que os únicos seres que podem ser mandados de volta pro seu local de
origem, são só os demônios. Mas se
enganam plenamente. Arcanjos e afins também podem ser exorcizados.
Bom, tudo estava
correndo as mil maravilhas , quando, de repente, o maldito do Belzebu me
aparece, paralisando-me. Mal tive tempo de reagir ou fazer alguma coisa. Caí
estatelada feito uma estátua de mármore no chão.
Só fui recobrar a
consciência momentos depois, num quarto em penumbra e empoeirado. E ainda
estava meio grogue quando um dos súditos do príncipe do inferno aprece:
--Vamos, levante
Príncipe Belzebu quer lhe falar... —disse ele me pegando bruscamente pelos
braços que a essas alturas estavam algemados.
Prontamente sou
levada a presença de vossa majestade.
--Ora, ora,
ora... Vejam quem veio nos visitar? Rubie, a demônio mais atrevida de todo o
inferno—diz ele num tom irônico. Ele fez um gesto para que o lacaio me
soltasse.
Estávamos numa
grande sala, onde ardia uma lareira gigantesca cuja luminosidade dava um ar
sinistro a dois guardas que ladeavam Belzebu. Belzebu, o demônio punk, faz um
sinal com o dedo indicador e tão logo meu corpo é arrojado, involuntariamente,
a sua direção. Paro a poucos centímetros da boca de Belzebu. Ele fica me
analisando como procurasse decidir o que fazer.
Então ele me diz:
--Você não tem
medo de ser morta, não demônio?
Solto um riso
frouxo e debochado:
--E quem é que
vai me matar?
E depois de eu me
questionar, ele me beija fervorosamente.”
--Então é só isso?—a vontade que sentia era a de rir até
sentir cólicas na barriga. Principalmente na parte do: “fervorosamente.” Ela me encara e diz:
--Não querida, não
foi só isso. Ele me prometera deixar-nos vivas e ainda por cima subiremos de
posto.
--Você tem certeza?—pergunto desconfiada.
--Lógico. E em troca eu tenho que ser fiel a ele... —disse ela finalizando
como risadinha irônica.
Não. Cara eu não acreditava no que ouvia. Rubie fiel?
Isso era, com certeza, uma piada infame e de mau gosto. E, aliás, nenhum
demônio é fiel. Isso é completamente irrealizável.
Mas ainda estava com uma pulga atrás da orelha:
--Nossa como você sabe se ele está dizendo a
verdade?
--Ah, eu não sei... Fizemos um pacto. Agora vamos indo.
--Como assim um pacto?
--Mais tarde eu explico, mas agora vamos... —diz ela me
puxando pelo braço. Menos cedo ou mais tarde eu iria descobrir. Ou eu não me
chamaria Rúbia a demônio safira.
***
A anta da Rúbia me pareceu um tanto desconfiada. Mas
posso estar errada. O primordial seria que ela acreditasse nessa historieta que
eu contei e qual eu omiti alguns fatos.
Pobrezita de minha companheira endiabrada. Hehehe.
Dou um sorriso.
Em breve, seria promovida. Poderia me tornar até uma
princesa demônio.
Em minha consciência, solto milhares de fogos de
artifício.
CONTINUA...
Legal =)
ResponderExcluirTô toncendo pra Rubia. Nem ligo para o que possa acontecer com o anjo. Kkkk
Caramba, isso que é conto!! Tá indo muito bem!! Gostei do estilo...
ResponderExcluir[]s
Oi, tô passando aqui de novo pra falar de um projeto para uma série no estilo de Jogos Vorazes. Te enviei um e-mail pelo endereço que vc deixou mo blog. Dê uma olhada se quiser participar
ResponderExcluirplanetavx.blogspot.com