domingo, 9 de dezembro de 2012

O ANJO CAÍDO (1ª Temp.) Cap.6


                                    
                             6. À mercê de Belzebu

Assim que desperto, sinto uma dor insuportável tomar conta de minha cabeça. A sensação era de que ela estava prestes a explodir.
Droga! Por que fui confiar na palavra de Rubie?Podia ter trabalhado muito bem sozinha. Maldita a hora em que eu fora compactuar com ela. Agora estava aqui de pés e mãos atados por uma algema de ferro, inquebrável. Mas se Rubie está pensando que sairá impune dessa, ela está muito enganada. Ela não pode quebrar o nosso pacto. Se ela o fizer ela morrerá.
Olho em meu redor: estava numa espécie de sala em penumbra onde a única fonte de luz, eram duas velas bruxuleantes, em cima, do consolo da lareira que jazia apagada. As chamas das velas reluziam sombriamente no mármore negro. Podia vê-las bailar quando alguém irrompe pela porta a minha direita. Como num ato automático, meu pescoço vira-se pra ver quem era.
-- Olá, Rúbia, querida... Pensou que eu havia me esquecido de você? Hehehe... Ainda temos um acordo, não temos?—diz-me minha parceira com um sorriso cínico na boca. Ela teria muitas coisas pra explicar. A primeira delas seria de onde ela tirara aquela chave pra me libertar das algemas, que pelo que sei provinham do inferno?
Rubie aproxima-se atrás de mim e me liberta. E sem conseguir me conter pergunto:
--O que acontecera?
--Primeiro, vamos sair daqui, pois ainda é perigoso. Pode haver algum demônio por perto... —avisa-me. Ela sai pela porta e sigo de novo. Até quando aquele jogo de mestre mandou iria continuar?

                                     ***

Vou abrindo meus olhos e desta vez, me defronto com um rosto totalmente desconhecido. Ele me sorria um sorriso desdenhoso com um ar de superioridade.
Respiro fundo.
Cara esse negócio de ficar desmaiando a toda hora estava me irritando. Toda hora vinha uma luz branca e bum! Lá ia eu caindo no chão feito uma donzela indefesa. No entanto, no momento aquilo não me importava. O que me importava era descobrir quem era eu e se realmente (o que acreditava cada vez mais) eu era filho de um arcanjo além do mais de Miguel.
--Quem é vivo sempre acorda— diz-me um cara de cabelos roxos no estilo moicano. Aquela figura parecia ter saído dalgum pôster de banda de rock punk. Ele vestia uma bota de cano longo, uma calça jeans preta rasgada na altura dos joelhos e uma jaqueta da mesma cor que encobria uma camiseta vermelha que estampava o seguinte dizer: Não se preocupe o inferno é aqui e agora, então não esquente a cabeça.
Tento me erguer, mas algo me prendia ao chão. Olho pra baixo pra ver o que era. E por pouco não solto um berro. Havia dois pares de mãos cadavéricos impedindo-me de sair do lugar. Elas brotavam do chão de mármore negro. Mera menção que eu fazia de me mover, tornava-as fortes e tesas como aço.
Eu só podia estar sonhando. Tendo um péssimo pesadelo. Num instante fecho e abro os olhos. Fecho e abro novamente. Cara, não conseguia acreditar naquilo.
--Pensa em ir a algum lugar, Yzael?—diz o punk de rosto quadrado e sorriso falso.
--Quem é você? O que você quer?Onde estou?
--Ei, ei... Vai com calma, uma pergunta por vez... Estamos em uma velha mansão abandonada... Sou Belzebu um dos príncipes do inferno... E você tem algo que nos interessa...
Quando ele disse isso, levo minha mão sorrateiramente, ao bolso de minha jaqueta. Aliviado exprimo um ”Ufa!”. Ainda bem que eles não a pegaram. Ultimamente, eu mais me importava com a concha do que comigo mesmo. Era muito embaraçoso, aliás, tudo que me acontecera até agora era extremamente embaraçoso. Lidar com a descoberta de se u pai é um arcanjo e que um séquito de anjo quer acabar com a sua raça, não é nada simples.
-- O que é que eu tenho que interessa a vocês? –pergunto antevendo de imediato a resposta.
--Quando o mestre chegar, você descobrirá. Por ora fique aí quieto como um bom garoto ... —diz-me ele como se estivesse falando com um cãozinho. Tentava sair, mas a minha prisão de mãos cadavéricas não permitia.

                                  ***

--Ei, ei, ei... Para!Onde estamos indo Rubie?—pergunto a demônio que estaca a minha frente e fica me encarar. Estávamos num corredor de chão atapetado vermelho. O corredor era iluminado por vários archotes de chamas violetas. Chamas do inferno, obviamente.
--Tá. Vou te contar, mas se algo nos acontecer à culpa será toda sua!E vê se não me interrompa... —diz-me ela tentando jogar a culpa sobre meus ombros. E então ela inicia a sua narrativa:
 —“Eu havia conseguido mandar Miguel de volta pro céu, sem nenhum problema. Fiz um encanto de extração corpórea forçada ou comumente conhecida por exorcismo. Os seres humanos, sobretudo, os padres estão crentes que os únicos seres que podem ser mandados de volta pro seu local de origem, são só os demônios. Mas  se enganam plenamente. Arcanjos e afins também podem ser exorcizados. 
Bom, tudo estava correndo as mil maravilhas , quando, de repente, o maldito do Belzebu me aparece, paralisando-me. Mal tive tempo de reagir ou fazer alguma coisa. Caí estatelada feito uma estátua de mármore no chão.
Só fui recobrar a consciência momentos depois, num quarto em penumbra e empoeirado. E ainda estava meio grogue quando um dos súditos do príncipe do inferno aprece:
--Vamos, levante Príncipe Belzebu quer lhe falar... —disse ele me pegando bruscamente pelos braços que a essas alturas estavam algemados.
Prontamente sou levada a presença de vossa majestade.
--Ora, ora, ora... Vejam quem veio nos visitar? Rubie, a demônio mais atrevida de todo o inferno—diz ele num tom irônico. Ele fez um gesto para que o lacaio me soltasse.
Estávamos numa grande sala, onde ardia uma lareira gigantesca cuja luminosidade dava um ar sinistro a dois guardas que ladeavam Belzebu. Belzebu, o demônio punk, faz um sinal com o dedo indicador e tão logo meu corpo é arrojado, involuntariamente, a sua direção. Paro a poucos centímetros da boca de Belzebu. Ele fica me analisando como procurasse decidir o que fazer.
Então ele me diz:
--Você não tem medo de ser morta, não demônio?
Solto um riso frouxo e debochado:
--E quem é que vai me matar?
E depois de eu me questionar, ele me beija fervorosamente.”
--Então é só isso?—a vontade que sentia era a de rir até sentir cólicas na barriga. Principalmente na parte do: “fervorosamente.” Ela me encara e diz:
--Não querida, não foi só isso. Ele me prometera deixar-nos vivas e ainda por cima subiremos de posto.
--Você tem certeza?—pergunto desconfiada.
--Lógico. E em troca eu tenho que ser fiel a ele... —disse ela finalizando como risadinha irônica.
Não. Cara eu não acreditava no que ouvia. Rubie fiel? Isso era, com certeza, uma piada infame e de mau gosto. E, aliás, nenhum demônio é fiel. Isso é completamente irrealizável.
Mas ainda estava com uma pulga atrás da orelha:
--Nossa como você sabe se ele está dizendo a verdade?
--Ah, eu não sei... Fizemos um pacto. Agora vamos indo.
--Como assim um pacto?
--Mais tarde eu explico, mas agora vamos... —diz ela me puxando pelo braço. Menos cedo ou mais tarde eu iria descobrir. Ou eu não me chamaria Rúbia a demônio safira.

                                ***

A anta da Rúbia me pareceu um tanto desconfiada. Mas posso estar errada. O primordial seria que ela acreditasse nessa historieta que eu contei e qual eu omiti alguns fatos.
Pobrezita de minha companheira endiabrada. Hehehe.
Dou um sorriso.
Em breve, seria promovida. Poderia me tornar até uma princesa demônio.
Em minha consciência, solto milhares de fogos de artifício.

 

CONTINUA...
        

3 comentários:

  1. Legal =)
    Tô toncendo pra Rubia. Nem ligo para o que possa acontecer com o anjo. Kkkk

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  2. Caramba, isso que é conto!! Tá indo muito bem!! Gostei do estilo...

    []s

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  3. Oi, tô passando aqui de novo pra falar de um projeto para uma série no estilo de Jogos Vorazes. Te enviei um e-mail pelo endereço que vc deixou mo blog. Dê uma olhada se quiser participar

    planetavx.blogspot.com

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