7. Quando o pacto é quebrado.
--Isso é
inconseqüência sua Miguel!—diz-me Rafael, meu irmão. Olho nos olhos de meus
outros irmãos que também estavam ali e concluo que compartilhavam da mesma
opinião da de Rafael. Mas eles queriam que eu fizesse o que? Matasse meu
próprio filho? Isso eu nunca faria, mas de forma alguma. Apesar de temer meu
Pai, não podia agir de tal forma. Isso iria contra meus princípios, ia contra o
meu coração de pai.
--Eu não tive
culpa... Yzael é... Yzael é meu filho... —digo.
--Como assim
não teve culpa?Você deixara aquele filhote de arcanjo com humano ser pego por
demônios! E isso não é ter culpa?E o pior de tudo foi você ser exorcizado por
um demônio?!Um demônio enganara um arcanjo!—disse-me ele com a voz cheia de
rancor. Em certos aspectos ele tinha razão. Eu poderia ter evitado tudo, porém,
se eu houvesse matado Yzael, com certeza, me jogaria na primeira lança
celestial que visse a minha frente.
Não agüentaria
viver sabendo que matara um filho. Um ser que eu criara com amor e muito
carinho. Uma pena a mãe dele não estará viva, pois se ela vivesse talvez Yzael
não tivesse chegado aos extremos.
Olho para
grade do grande portão dourado a minha frente. O lugar tinha uma aparência
bastante mórbida, com aquela noite sem luar ou estrelas. Parecia que algo
estava prestes a acontecer. Podia sentir isso, também no ar. Uma brisa morna,
no entanto, cortante circulava deixando nossos cabelos revoltos. Algo
aconteceria àquela noite. E não seria nada muito bom. Havia alguma coisa dentro
de mim que me alertava.
--O que vamos
fazer agora Rafael?
--Teremos de quebrar
os selos que foram impostos ao redor da mansão. Essa parte será fácil de ser
realizada, contudo, assim que adentrarmos o lugar teremos de ter muito cuidado.
Há armadilhas por todos os lados como se fosse um genuíno campo minado.
Relanceio meu
olhar para além da grade, para onde meu filho Yzael estava encerrado.
Tinha que
fazer alguma coisa. Tinha de salvar meu filho.
***
Estava sentado
no chão. Era inútil lutar.
Aquelas mãos
eram invencíveis. Incansáveis. A concha dentro de meu bolso vibrava
brandamente. Era como se ela tivesse criado vida própria.
A única coisa
que podia fazer era assistir a tudo de camarote.
***
Assim que
atravessávamos a uma grande e pesadíssima porta de madeira, para adentrar num
salão de teto abobadado, no qual havia uma lareira que crepitava
fervorosamente, Belzebu pergunta:
--É, esta
Rubie?
Minha parceira
não nenhuma palavra, apenas gesticulou com a cabeça em sinal afirmatório. Olho
pra cara dela. Como se estivesse a perguntar com o olhar: O que ele quis dizer com isso?Se meus olhos fossem dotados dum
poder de fulminação imediata, com certeza, a essa altura Rubie teria voltado
pro inferno. Mas como não o possuísse eu me contentara em dar-lhe uma
cotovelada na boca do estomago. Fora muito prazeroso vê-la fazer uma careta de
dor.
--Por que você
fez isso?—me pergunta ela, segurando o ventre com as duas mãos igual a uma
mulher grávida que estava prestes a parir.
--Porque sim—
respondo.
--Ei, garotas!
Não briguem por mim, há Belzebu para as duas!—diz um dos príncipes do inferno,
num tom de comediante decadente. Movo a cabeça mirando em vários lugares.
Estávamos num
grande salão na onde havia móveis antigos, empoeirados e que cheiravam a mofo
reunido a um canto da grande sala. A iluminação do lugar provinha duma lareira
sibilante, atrás do trono em que se sentava Belzebu. Olhando atentamente para
cadeira negra em que o príncipe das trevas se assentava pude perceber que em
toda a estrutura do assento era lavrada por carrancas humanas em sofrimento,
dor e agonia. Literalmente era algo muito infernal.
Viro
parcialmente minha cabeça para trás. Ah, sim. Ali, estava o anjo. Estava
abatido, taciturno. Parecia uma pomba que acabara de se ferir num espinheiro.
Solto um
muxoxo.
Tanto trabalho
para absolutamente nada. Tinha o claro desejo de voar em cima de Belzebu e
estapeá-lo até a morte.
--Então,
o que viemos fazer aqui?—por fim pergunto. Aquela história de segredos já
estava me irritando!Boa coisa não era. Aquela história que me contara Rubie não
me descera, não consegui digeri-la. Aquela narrativa estava me saindo muito
estapafúrdia.
--
Rubie não lhe contara?—pergunta Belzebu.
--
A história que vocês vão se casar e que seremos promovidas de cargo no
inferno?—respondo com outra pergunta.
--Isso.
Mas há algo que ela não lhe contara, obviamente— afirma ele olhando pra Rubie
que estava ao meu lado e não expressara nenhuma reação.
--
E o que é então?Qual a parte que ela não me contara?—nesse momento pude sentir
uma atmosfera tensa formar-se ao redor de minha companheira demônio. Ela tinha
a face rígida como se estivesse quero conter algo que estivesse prestes a se
libertar.
--Não...
Belzebu deixe que eu... —disse ela num tom de voz súplice.
-Não!
Deixe que eu conto... —responde Belzebu enérgico. Ele levanta-se do trono, em
que estava sentado, e dirige-se a minha direção. Dou uma olhada em Rubie, que
se afastara de mim, com a cabeça baixa, que pendia de culpa.
--
É o seguinte: assim, que trouxe Rubie juntamente com o filhote de anjo, propus
a ela que unisse forças comigo. Prometi que seria minha princesa e com isso
seria promovida de cargo no inferno. No início ela rejeitara um pouco a ideia
dizendo que tinha um pacto a zelar, feito entre vocês duas, porém logo a ganância
de demônio toca-lhe seu coração e...
--Mas
espere aí. Ela não pode passar assim pro seu lado, ela tem um pacto comigo...
—digo contrariado olhando de esguelha pra Rubie.
--Eu
sei disso. E por isso, como príncipe das trevas, quebrei vosso pacto. Isso quer
dizer que ela não tem mais nenhuma pendência contigo. Que pode passar pro meu
lado— aquelas palavras me atingiram a face como s uma colméia raivosa me
atacasse. O quê? Rubie me traíra? Bem, quanto à traição, isso não me pegara de
surpresa, sabia que mais cedo ou mais tarde ela ocorreria, mas não dessa forma
tão repentina e vil.
--E
o que eu tenho haver com isso?
--
É que você faz parte do nosso pacto... —diz ele com ar de quem faz pouco caso
do assunto e sinalizando com a mão a união dele com minha ex-parceira.
O
quê? Como assim?
Nesse
momento dois capachos de Belzebu se aproximam de mim me soerguendo pelos seus
braços de ferros. Me Carregavam para perto da lareira. Busco os olhos de Rubie
que me diz:
--Rúbia,
desculpe, mas não é nada pessoal... —diz sorrindo.
O
que eles iriam fazer comigo?Sempre soube que não podia confiar em Rubie!
***
--Rafael,
todos os selos foram destruídos. Podemos entrar agora—anuncia Uriel meu ir mão
de cabelos negros e encaracolados e de olhos verdes folha.
Olho
pro portão que se abre imediatamente.
Yzael,
meu filho, seu já está indo.
CONTINUA
Nossa, cada vez melhor, não perco um!
ResponderExcluirUma luta? Essa coisa de Anjos X Demônios sempre me deixa animado. Rsrsrs
ResponderExcluirEnviei um e-mail para vc respondendo as suas pergutas sobre a série. Me diga o queque acha :D
planetavx.blogspot.com