domingo, 10 de fevereiro de 2013

A HORA DOS LOBOS Cap.2

Blog do raffael petter
                                                                                                                   

          2. A Festa e o Beijo do Vampiro.

--Ei, vai com calma... — diz ele.
Oi? Como assim: vai com calma?A criatura me salta bem na minha frente espantando-me todos os pelos do copo e ainda pede pra eu ter calma?
Já ia dizer umas boas verdades pra ele,quando me dou conta de quem se tratava.
Meu corpo é atacado por uma série de sintomas que eu nunca havia sentido: minhas pernas tremelicavam feito varas verdes ao vento, minha boca estava seca impedindo que as palavras saíssem e meu coração pulsava tanto que pensei que a qualquer momento correria o risco de tê-lo fora no peito.
--Você, está bem?—me pergunta ele, o Tyler. Não consegui dizer nada. Apenas abano a cabeça timidamente.
Havia algo de estranho comigo. Nunca em minha vida eu fui tímida, mas agora que estava a frente de Tyler o cara mais gato da escola, eu me sentia como uma garotinha de dez anos.
--Tem certeza que você está bem?—me pergunta novamente, só que desta fez a voz dele tinha um tom um tanto preocupado.
Lógico que estava!Um colírio destes, quem não ficaria!
--Sim. Estou...
--Sinto muito por tê-la assustado, não foi minha intenção —diz ele buscando minha mochila que eu havia jogado no chão.
--Não foi nada não... —respondo recebendo a mochila de volta.
--Você mora aqui perto, não mora?Posso te acompanhar?—sugere ele, sorrindo aqueles dentes brancos, perfeitíssimos. 
--Mas a Marine, não vai se importar?—pergunto antevendo um mega escândalo feito por Marine Suprime.
--Bem... Na verdade não muito... Ela está tão ocupada em organizar a festa a fantasia que nem deve ter sentido falta da minha presença... —disse ele numa voz suave, porém poderosa.
Toda vez que me virava para encarar seu rosto, era como se eu fosse atraída por duas joias preciosas que eram seus olhos. Pareciam vagas que te arrebatavam para dentro dele, lançando você num turbilhão de emoções para logo depois te cuspir sem nenhum remorso.
--Quando você se mudou?—pergunta ele quebrando aquele encanto.
--Ontem... —eis minha resposta monossilábica.
--O que está achando de Peba City?—pergunta ele.
--Não sei dizer ao certo... Mas a impressão que tenho é que Peba City é uma cidade muito pequena, muito pacata... —respondo. Nesse momento pude vê-lo esboçar certo ar irônico.
--Você veio de cidade grande não é?—questiona.
--Sim, vim. Vim da capital de Sampa. Lá é muito melhor cara... Não sei disser ao certo... Mas ao Paulo tem um agito uma magia que nenhuma outra cidade tem... —digo saudosista.
--Com o tempo você acaba se acostumado com Peba City... Se você quiser eu posso te mostrar a cidade...
Nesse momento o celular dele toca. Pelo o que pude perceber era a Marine. E ela berrava histericamente no telefone. Ao que ele respondia estoicamente com: tá, sim,não desculpa,foi mal...
--Desculpa... Qual é mesmo o seu nome?—pergunta um tanto constrangido.
--Tabatha... —falo.
--Tenho de ir Marine, precisa de mim... —explica com a voz num tom pesaroso.
--Tá, pode ir... Sem nenhum problema... —respondo. Pode ir com a prima da Olivia Palito.
E isso não fazia diferença, pois já a havíamos chegado a minha casa.
Ficamos parados por uns segundos. Cada qual esperando que um se despedisse do outro. Como sempre somos nós as mulheres quem tomamos a atitude digo:
--Então, tá...
--Então, tá... Te vejo na festa?
--Sim— digo com total certeza do que falava.
Subo as escadas que levavam ao patamar de entrada de minha casa como se acabasse de ter ganho na loteria.
Porém antes de fechar a porta dou uma olha lá fora.
Tyler não estava mais lá.

                        ***
O sol já havia se posto. E lua reluzia cheia reluzia brilhantemente.
E minha mãe ainda não havia chegado. O celular dava fora de área. O jeito era deixar um bilhete grudado na geladeira. Desço as escadas e vou até a cozinha grudar o papelzinho amarelo com o recado escrito na porta da geladeira.
Assim que volto ao meu quarto eu ouço o meu celular vibrar irritantemente. Era uma mensagem de Alieta:

Darling, já estou chegando,

bjos . J

Ainda bem que já havia adiantado um pouco do meu look. Que consistia basicamente em: um vestido preto de seda com cortes em vê nas laterais e que tinha apenas uma única alça qual envolvia o meu pescoço.
Mas a grande surpresa estava no meu penteado. Qual já tinha pronto. Bastava apenas retirar os bobs e deixar que os cachos caírem em cascatas. Porém, eu o só faria depois de terminar a maquilagem.
Pondo-me a frente do espelho eu início esse ritual, que é o ato de se maquiar. Muitas garotas não sabem, mas o simples ato de pintar o rosto é a manifestação mais arcaica de acasalamento que nós mulheres possuímos.
Como não possuímos plumas ou peles coloridas, nós mulheres temos de nos pintar para chamar a atenção dos machos.
Tudo bem que a sedução envolve mais do que uma pintura no rosto, porém quem não luta com todas as armas disponíveis acaba perdendo...
Nossa.
Precisava parar de ler os livros sobre feminismo e antropologia da minha mãe.

                           ***

Contornava os meus cílios quando um carro buzina insistentemente a minha porta.
Sem quaisquer resquícios de dúvidas era ela, Alieta.
Tinha poucos minutos para terminar de me aprontar. Concluo os cílios. Solto os bobs do meu cabelo que despenca numa corrente de cachos e passo um pouco de fixador nele, deixando-o estático.
Ponho o longo preto, o salto com caveiras de brilhantes e dou uma mirada no espelho.
Será que não exagerei um pouco na maquiagem: sombra roxa com olhos de gatos contornando a margem dos olhos, batom preto e para finalizar o visual vampiresco uma base branquíssima que me dava um ar de morta.
Muitos diriam que estava parecida com a Morticia Adams ou a noiva do conde Drácula...
Mas essa era a intenção.
Parecer com uma vampira. Hehehe.
A campanhia soa outra vez. Pego minha bolsa carteira de caveira, guardo o celular dentro dela, fecho a porta do quarto e desço as escadas.
Antes de abrir a porta pra Alieta meu olhas se volta para escada que levava ao meu quarto.
Será que eu me esquecera de algo?
Não. O gás estava desligado, todas as luzes apagadas... Não realmente não me esquecera de nada.
Abro a porta e dou de cara com Alieta.
--Uouuuuu! Darling, você está um espetáculo— diz-me ela, que estava vestida de princesa da Disney, especificamente a Ariel. Usava uma peruca vermelha no corte channel ,um vestido esmeralda estilo calda de sereia e uma maquiagem nos mesmos tons.
--Você também, está... Ariel...?—brinco.
--Isso mesmo. Só que uma Ariel um pouco mais... Digamos... estilizada e aperfeiçoada, Darling...
Mesmo antes de perguntar, qual seria o nosso transporte ela me diz:
--Bom Tabatha esse aqui é o Roberto o meu acompanhante... —mostra-me um cara moreno e musculoso que parecia estar na faculdade. E depois sussurrando: -- Ele é um dos meus contatos...
                         ***

Indicado por um funcionário o carro fora estacionado num terreno baldio, adjacente a casa onde a festa já acontecia.
Eu e Alieta seguimos em frente, enquanto Roberto punha o carro na vaga.
--Alieta, você tem certeza que não vai haver nenhum tipo de problema?—pergunto preocupada.
 Aproximávamos do portão de entrada da enorme casa. Contudo, se um penetra quisesse entrar naquela festa não seria uma tarefa nada fácil. Pois teria de passar primeiramente por dois leões-de-chácara, do tamanho de um armário, que falavam a todo o momento num radio.
--Darling, relaxa... Deixe com a princesa sereia aqui... —disse quando estávamos na enorme fila, esperando para entrar no lugar.
Até agora eu não consegui entender como Alieta conseguira os convites para festa. Pelo o que eu pude perceber, ela e a Marine Suprime não se bicam desde o jardim de infância...
--Os convites, por favor... --diz um dos leões- de- chácara.
--Só um momento... —responde Ariel.
Alieta procurava em sua bolsa carteira azul marinho desesperadamente.
Não, não podia acreditar naquilo... Será  que Alieta esquecera os convites?
--Algum problema amiga?—pergunto pra ela.
Ela revira a bolsa de ponta cabeça fazendo com que caísse no chão: camisinhas sabor morango, um absorvente always, gloss sabor cereja, um chiclete mascado e por último os convites.
 --Aqui estão eles!Toma... —diz ela entregando os convites sem nenhum pingo de vergonha.
Os leões verificam os cartões e somos algemadas com pulseiras pretas escritas: V.I.P.
Eu olho pra cara dela e ela como se pudesse ler mentes ela me diz:
--Ai, Darling, não disse?Quem tem seus contatos pode viajar pra Roma... —disse para depois cair na gargalhada.
                            ***

Assim que entramos no que deveria ser o salão de festas do lugar, tive a sensação de estar imergindo num mundo surreal completamente diferente.
O lugar era iluminado por caveiras com lâmpadas dentro de si e por teias de aranha em néon: roxo, amarelo e verde. Dando ao visitante a sensação de estar entrando em outro mundo.
Outra coisa que gostei foi os garçons vestidos com cabeça de abobora, andando pra lá e pra cá oferecendo-nos com uma bandeja comida ou bebida.
-- E aí? O que acha? Esta festa pode ser comparada com uma de São Paulo?—me pergunta Ariel.
Na verdade podia. Sobretudo, nos detalhes. Cada docinho era em formato de aranha, cabeça de abobora ou até mesmo de caveira.
Diga-se de passagem, que os cupcakes de caveira, eu devorei bem uns vinte.
--Olá, Aliete seja bem-vinda a minha festa... Quem é essa daí?—diz Marine Suprime apontando o dedo pra mim, mas antes que eu respondesse ou até mesmo Alieta, Tyler disse:
--Tabatha.
--Como?—pergunta Marine deixando transparecer o ciúme. —De onde vocês se conhecem?
--Nós nos conhecemos quando ele salvara minha gata de ser atropelada— minto. Por alguns segundo pensei que Marine iria suspeitar e iniciar um mega escândalo, mas logo percebi que ela não era tão inteligente como eu havia pensado.
-- É... é verdade Marine, esqueci de lhe dizer...—diz Tyler percebendo o meu jogo.—E como está a Cindy?
--Vai indo... —digo com um sorriso no rosto.
--É melhor nós irmos andando Tabatha, parece que o Roberto chegou... —diz Alieta percebendo a atmosfera que se instalara.
Deixamos o casalzinho de real para trás, fomos para perto do píer da piscina onde também estava acontecendo à festa. Só que ali, havia um DJ, tocando Don’t Stop Music da Rihanna. E os garçons eram tritões e sereias de cabelos coloridos.
--Que história foi aquela de gato?
--Gata— corrijo a princesa sereia.
--Não importa—rebate ela.
--Ah, depois te conto... Viemos pra cá pra curtir a festa, não foi?Ih... Acho que o Roberto está te procurando... —digo apontando Roberto, que aparentemente estava dando em cima de outra garota.
--Me espera aqui que já volto—diz ela.

                               ***
Enquanto, eu me contorcia feito uma minhoca enlouquecida, ao som de Rihanna, pude perceber que um garoto não tirava os olhos de mim.
Eu continuei a dançar, sem dar a mínima pra ele. Não queria ficar com ninguém naquele momento, só queria dançar curtir a noite...
Não sei se foi a luz piscante ou o amontoado de pessoas que se contorciam juntos, que não possibilitasse que o visse chegando.
Quando o percebi ele estava a minha frente, me encarando.
--Oi?—pergunto pra ele. Esse “oi” na verdade significa:o que você quer?
--Olá, qual o seu nome?
Bem... Acho que ele não entendeu o meu “oi” anti cantada.
--Tabatha. Cara é melhor você, não...
--Podemos conversar em outro lugar?—diz ele fazendo gestos de que não estava entendendo nada do que eu falava.
Solto um muxoxo de impaciência e o sigo costurando por entre os dançantes.
Por quê?Por que eu? Tantas periguetes dando sopa, na festa e ele vem escolher justamente eu!
 
                               ***

Fomos pro jardim da casa.
O lugar estava completamente vazio. Não sabia exatamente o que aquele cara queria me levando ali. Mas assim que ele começasse a falar eu lhe cortaria, alegando que não estava afim.
--Então?—pergunto.
--Qual o seu nome?—diz ele, me deixando sem resposta para minha pergunta.
--Tabatha e você?
--Bastian— diz ele numa voz firme e ao mesmo tempo suave, sedutora.
--Então... O que você quer?Olhe se está pensando que só porque me trouxe até aqui para...
--Sabia que você é a mais linda de todas as convidadas?—diz ele com meio sorriso estampado no rosto, amolecendo-me o coração. Qual garota não se desarmaria diante de tal elogio. Tudo bem que soou meio clichê, mas não deixava de ser um afago pro ego...
--Obrigada... —digo encabulada.
Bastian aparentava ter a mesma idade do que eu, ser apenas alguns anos mais velhos. Porém, o que mais me chamava a atenção era a sua beleza.
Ele tinha olhos azuis escuros e misteriosos como o oceano em dia de tempestade. Cabelos loiros quase brancos que emolduravam um rosto que era delicado e ao mesmo tempo másculo. Ainda possuía uma barba por fazer encobrindo o seu queixo proeminente e sedutor.
A fantasia que Bastian usava, parecia pertencer a um tempo distante. De séculos atrás.
--É... Você não disse o que viemos fazer aqui?
-- Aceita dançar comigo?— convida ele.
Alguma coisa dentro de mim dizia que ao dançar com aquele garoto, correria algum risco.
Todavia, quando aqueles olhos de oceano me olharam foi como se não estivesse no comando de meu corpo. Eu parecia uma marionete que estava sendo convocada pelo seu dono, Bastian. Não adiantaria a minha boca dizer não, quando, na verdade, o meu corpo diria sim.
Em poucos, segundos nossas mãos estavam cerradas num mesmo aperto. Nossos corpos próximos um dos outros inflavam no mesmo ritmo alucinado de nossa valsa imaginária.
Eu não estava nem ligando para o fato de eu estar ou não acertando os compassos da dança. O que me interessava eram aqueles olhos que pareciam dois pedaços de mar.
--Tabatha, você aceita ser minha?—pergunta ele com uma voz harmoniosa e atraente como uma flauta doce.
--Sim —respondo.Como dizer não a aqueles olhos e aquela voz?
E num compasso, que eu desconhecia, ele faz com que meu corpo envergasse amparado apenas por seus braços. Sentia-me indefesa, meu corpo estava molengo, sem forças.
Estava totalmente seduzida e dominada.
Ia aproximando os lábios de meu pescoço. Aquilo arrepiava cada milímetro de meu corpo. Mergulhava num prazer nunca sentido por mim antes...
Seus lábios deslizavam por meu pescoço, a tal ponto em que eu podia sentir sua respiração.
Meu sangue como que estimulado a correr mais rápido pela jugular pulsava alienadamente dilatando-a. Minha boca estava seca, ofegava e o suor escorria em gotas pelas minhas costas.
E num guincho animalesco ele escancara a boca, mostrando dois caninos reluzentes...
Eu sabia o que ele era, mas não podia fazer nada.
O meu corpo já não me obedecia.
Estava ferrada.

 

                          CONTINUA

 

4 comentários:

  1. Está ficando ótimo, Raffael!
    Parabéns! XD

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  2. Gostei da cidade que vc criou.
    Peba City , nome engraçado ( rsrsrs)
    Esperando a hora em q os lobos chegarão para acabar com a alegria desse vampiro ;-)

    planetavx.blogspot.com

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  3. Muito obrigado, Michel! Não perca os próximos capítulos de...A HORA DOS LOBOS...KKKK
    Muito obrigado mesmo.
    Abraços! X)

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