4. Olá, meu nome é
Eva.
Na noite seguinte,
cheguei ao pub e me deparei com um
cheiro diferente.
Sei que isso é algo meio
idiota a ser dito por um vampiro que trabalha num pub badalado, mas o cheiro
era completamente diferente dos quais já pude experimentar nos anos que ali
trabalhei.
Era um cheiro de flores,
misturado com uma pitada de alguma essência marina. Ou seria melhor dizer que
pela primeiríssima vez, não saberia dizer que cheiro era aquele.
Não sabia o que dizer,
isto é, como classificá-lo.
O mais importante era que
eu estava ali e iria desvendar a quem pertencia tal cheiro.
-Gaé, vem cá. —sussurrou
Leonardo me chamando para perto dele, perto do balcão quão ele ficava recebendo
as pessoas, anotando pedidos. —Você não vai acreditar!—disse exultante.
-O que foi?
-Eva.
-Oi?
-Eva. Nova. Funcionária.
Aqui. Gostosa. —respondeu ele quando percebera a minha cara de questionamento.
-O que?
Leonardo iria me
responder só que somos interrompidos, pois Eva acabava de aparecer.
-Oi garotos...
-Eva-va... Ah, esse daqui
é o Gaé, digo, Gael, ele é um dos funcionários daqui— falou ele babando, não
desgrudando um minuto sequer de Eva.
-Olá, Gael. Como
vai?—cumprimentou ela, estendendo sua mão direita.
-Tudo bem...
Quando minha mão encostou-se
na dela, algo surpreendente acontecera. Um arrepio cortou todo o meu corpo como
se recebesse uma descarga elétrica. Olhei pra cara dela: cabelos longos negros
e cacheados; rosto oval e pálido como o resto de seu corpo; olhos verdes
marcados por delineador forte e uma boca em formato de coração sedutora marcada
por batom vermelho...O mais impressionante era que aquele rosto não me era
estranho...
-Tudo bem
mesmo?—perguntou ela quebrando aquele estado de remember time em que me encontrava.
-Tudo. —disse largando a
mão dela. Ela sorria abertamente e depois começou a rir.
-Vou lá papear com a
“Ieta”—falou desmanchando em risos indo na direção cozinha.
- Gaé, você precisava ver
a sua cara quando vocês se cumprimentaram... Parecia um bobo!
-É?
-Sim... —respondeu. —Ai!—gritou
depois de eu ter-lhe desferido um soco.
***
-Gostou da garota
nova?—perguntou Amanda.
-É...
-Vamos, cara, diga a
verdade!Gostou ou não?
-Gostei, mas...
-Sei, ela pode parecer
uma doida varrida uma porra louca e tudo o mais... —falava Amanda enquanto ia
crestando os hambúrgueres na chapa.
-Você gostou dela?
-Sim. Se fosse “homo” ou
“bis”, pegava ela sem pensar duas vezes.
-Sério?
-Sério.
Começamos a rir.
Cessado os risos
pergunto:
-Ela é o que da Marieta?
-Ela havia me dito que
era sobrinha ou filha de uma prima dela, alguma coisa do gênero.
-E você sabe o que ela
veio fazer aqui?
-Ela disse que ela veio
para cá por algo muito importante e que estava morta de saudade de Marieta.
-Saudades da
Marieta?—pergunto assustado.
-Para você ver em que
situação o mundo se encontra. Para alguém ter saudade daquele demônio
precisa-se ser um tanto desajustado, não acha?—disse fazendo movimentos
circulares com o indicador próximo das têmporas.
-Sim, acho—disse caindo
no riso.
Passei o dia inteiro pensando na Eva.
Aquele rosto não me era estranho...
CONTINUA
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