O Primeiro Raio: Ressuscitada
A lágrima de Mayara escorrera por
sua bochecha e caíra na lápide de sua mãe. Não adiantaria secá-la, pois chovia.
Uma verdadeira tempestade. Nuvens fechadas, feitas de chumbo, rondavam a sua
cabeça. O clima relacionava-se com o que Mayara sentia naquele momento: a dor
obscura da perda. A dor da saudade de perder alguém que se ama. O coração sendo
esmigalhado pela garra da saudade: não mais veria a mãe; não mais sentiria o
seu cheiro; não mais ouviria sua voz; não mais sentiria o seu afago.
Estava sozinha no cemitério. O
pai a esperava do lado de fora. No entanto, não podia, não queria sair dali.
Precisava fazer companhia à mãe falecida. Amassou-se na lama, esfregou-se na
rala grama.
Chovia.
Chorava.
Chovia.
Chorava.
***
Foi tudo muito rápido: o céu
estremecera parecendo desabar: um raio cortou-o em direção da Mayara. A garota
não teve tempo de se levantar, fugir. Também
não queria. Estirou-se de peito aberto no tumulo materno, esperando o raio atravessá-la.
***
Foi despertada com um toque na
testa. Um toque frio e molhado. Abriu vagarosamente os olhos ,sentindo vir
junto ao ato uma enorme dor de cabeça. Não se recordava de nada do que
acontecera.
Olhou para cima e gritou num
misto de horror e euforia: sua mãe havia ressuscitado.
O Segundo Raio: A Salvação
Souza finalmente sacara o primeiro pagamento de seu
novo emprego. Suara para tê-lo. Trabalhava como repositor de mercado: um oficio
que exigia muita paciência e agilidade. Meses atrás estava desempregado com a mulher
grávida. Quando parecia sufocar e pensava em se matar o mercado ao qual enviado um currículo lhe liga contratando-o.
Tudo bem que o salário não era o
melhor de todos,contudo,dava para ir aos poucos abastecendo a casa e ir comprando o enxoval da criança: uma menina
como ficara sabendo hoje ,quando Sandra
lhe ligara ,na hora do almoço.
***
Desceu do ônibus. Armou o
guarda-chuva e seguiu andando. O céu parecia estremecer quando um cara
encapuzado aborda Souza, com revolver em punhos.
-PASSA A GRANA!
***
Não podia entregar o dinheiro,mas
não havia alternativa.Ou era isso ou era: morte.Hesitou ao entregar o pacote ao
bandido.Isso fora o suficiente para que ele puxasse o gatilho.
No mesmo momento ,um raio coriscou na direção dos
dois, fazendo com que tudo ao redor deles estremecesse. Porém, antes de ir ao chão,Souza vira uma forte
luz atingir o bandido.
O raio havia lhe atingido.
***
As nuvens junto com a chuva se recolheram,
para a lua cheia gordíssima poder reluzir. Souza despertou encharcado,sem
entender bem o que acontecera.Ergueu-se.Um cheiro de carne esturricada pairava
no ar.Procurou do pacote com o dinheiro o encontrando ao lado do bandido chamuscado.Estava morto.
Sorrira.
Se contasse a Sandra ela não iria
acredita.
O Terceiro Raio: O Milagre.
-Mãe, quero morrer tomando banho
de chuva. —disse Igor um garotinho de apenas oito anos,num estado terminal de
tumor.
-Mas filho....— argumentara a mãe
do menino.
-Eu quero mãe. Eu preciso. —respondeu
ele resoluto.
Agata sabia que não resolveria em
nada discutir com Igor. Conhecia bem o filho que tinha. E ela não queria
desperdiçar os últimos minutos ao lado dele discutindo.
Se era aquilo que ele queria, ela o
realizaria.
***
Foram para cobertura do hospital.
Agata segurava o corpo raquítico do filho com todo o medo do mundo de ele cair
no chão e quebrar-se como se fosse feito de vidro. Ambos,em poucos minutos
haviam se encharcado.
Igor era a mais pura euforia.A mais singela vontade de viver aquele momento onde a vida porejava por todos os lados.
Sorria.
***
Com Igor ainda em seu colo Agata
o girava, girava e gira. Sabia que aquele momento único jamais se repetiria.O
abraçou com todo o seu amor de mãe : o
amava mais do que tudo, o amava.
E sem que ambos percebessem,de repente, um raio coriscou o céu e em pouco
tempo os atingiu..
***
-Mãe,mãe,mãe,mãe...—disse Igor
sacolejando a mãe adormecida no chão. Havia parado de chover. O céu estava
completamente aberto e azul ,sem a presença de uma nuvenzinha sequer.
Agata acordou com uma dor
horrenda de cabeça: o que havia acontecido?
A resposta viera assim que
depositara os olhos em seu filho : Igor estava em pé a sua frente. O menino fraco que
antes não conseguia firmar o corpo nos pés,encontrava-se radiante a sua frente.
-Mas...
PUTZZ, ME AFOGANDO EM LÁGRIMAS AQUI!!!!!
ResponderExcluirsinceramente perfeita, principalmente o final, to chorando aqui!!!!
De sua fanzona, um beijinho.
Sério???? Que bom!!! E obrigado por não ter me abandonado!\hahahaha
ExcluirBjos