sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Terror do Cotidiano 3 : Os 3 Raios

O Primeiro Raio: Ressuscitada
A lágrima de Mayara escorrera por sua bochecha e caíra na lápide de sua mãe. Não adiantaria secá-la, pois chovia. Uma verdadeira tempestade. Nuvens fechadas, feitas de chumbo, rondavam a sua cabeça. O clima relacionava-se com o que Mayara sentia naquele momento: a dor obscura da perda. A dor da saudade de perder alguém que se ama. O coração sendo esmigalhado pela garra da saudade: não mais veria a mãe; não mais sentiria o seu cheiro; não mais ouviria sua voz; não mais sentiria o seu afago.
Estava sozinha no cemitério. O pai a esperava do lado de fora. No entanto, não podia, não queria sair dali. Precisava fazer companhia à mãe falecida. Amassou-se na lama, esfregou-se na rala grama.
Chovia.
Chorava.
***
Foi tudo muito rápido: o céu estremecera parecendo desabar: um raio cortou-o em direção da Mayara. A garota não teve tempo de se levantar, fugir.  Também não queria. Estirou-se de peito aberto no tumulo materno, esperando o raio atravessá-la.
***
Foi despertada com um toque na testa. Um toque frio e molhado. Abriu vagarosamente os olhos ,sentindo vir junto ao ato uma enorme dor de cabeça. Não se recordava de nada do que acontecera.
Olhou para cima e gritou num misto de horror e euforia: sua mãe havia ressuscitado.
O Segundo Raio: A Salvação
Souza  finalmente sacara o primeiro pagamento de seu novo emprego. Suara para tê-lo. Trabalhava como repositor de mercado: um oficio que exigia muita paciência e agilidade. Meses atrás estava desempregado com a mulher grávida. Quando parecia sufocar e pensava em se matar o mercado ao qual enviado um currículo lhe liga  contratando-o.
Tudo bem que o salário não era o melhor de todos,contudo,dava para ir aos poucos abastecendo a casa e  ir comprando o enxoval da criança: uma menina como  ficara sabendo hoje ,quando Sandra lhe ligara ,na hora do almoço.
***
Desceu do ônibus. Armou o guarda-chuva e seguiu andando. O céu parecia estremecer quando um cara encapuzado aborda Souza, com revolver em punhos.
-PASSA A GRANA!
***
Não podia entregar o dinheiro,mas não havia alternativa.Ou era isso ou era: morte.Hesitou ao entregar o pacote ao bandido.Isso fora o suficiente para que ele puxasse o gatilho.
No mesmo momento ,um raio coriscou na direção dos dois, fazendo com que tudo ao  redor deles estremecesse. Porém, antes de ir ao chão,Souza vira uma forte luz atingir o bandido.
O raio havia lhe atingido.
***
As nuvens junto com a chuva se recolheram, para a lua cheia gordíssima poder reluzir. Souza despertou encharcado,sem entender bem o que acontecera.Ergueu-se.Um cheiro de carne esturricada pairava no ar.Procurou do pacote com o dinheiro o encontrando ao lado do bandido chamuscado.Estava morto.
Sorrira.
Se contasse a Sandra ela não iria acredita.
O Terceiro Raio: O Milagre.
-Mãe, quero morrer tomando banho de chuva. —disse Igor um garotinho de apenas oito anos,num estado terminal de tumor.
-Mas filho....— argumentara a mãe do menino.
-Eu quero mãe. Eu preciso. —respondeu ele resoluto.
Agata sabia que não resolveria em nada discutir com Igor. Conhecia bem o filho que tinha. E ela não queria desperdiçar os últimos minutos ao lado dele discutindo.
Se era aquilo que ele  queria, ela o realizaria.
***
Foram para cobertura do hospital. Agata segurava o corpo raquítico do filho com todo o medo do mundo de ele cair no chão e quebrar-se como se fosse feito de vidro. Ambos,em poucos minutos haviam se encharcado.
Igor era a mais pura euforia.A mais singela vontade de viver aquele momento onde a vida porejava por todos os lados.
Sorria.
***
Com Igor ainda em seu colo Agata o girava, girava e gira. Sabia que aquele momento único jamais se repetiria.O abraçou com todo  o seu amor de mãe : o amava mais do que tudo, o amava.
E sem que ambos percebessem,de repente, um raio coriscou o céu e em pouco tempo os atingiu..
***
-Mãe,mãe,mãe,mãe...—disse Igor sacolejando a mãe adormecida no chão. Havia parado de chover. O céu estava completamente aberto e azul ,sem a presença de uma nuvenzinha sequer.
Agata acordou com uma dor horrenda de cabeça: o que havia acontecido?
A resposta viera assim que depositara os olhos em seu filho : Igor estava em pé a sua frente. O menino fraco que antes não conseguia firmar o corpo nos pés,encontrava-se radiante  a sua frente.
-Mas...

-Foi a chuva mamãe,foi a chuva!



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2 comentários:

  1. PUTZZ, ME AFOGANDO EM LÁGRIMAS AQUI!!!!!
    sinceramente perfeita, principalmente o final, to chorando aqui!!!!
    De sua fanzona, um beijinho.

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    Respostas
    1. Sério???? Que bom!!! E obrigado por não ter me abandonado!\hahahaha
      Bjos

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