“É
uma certeza que o demônio apresenta-se por vezes na forma de pessoas não apenas
inocentes, mas também muito virtuosas.”
Rev.
John Richards, século XV
Estávamos no vilarejo
de Salem em Massachusetts. O ano era 1692. Ano que se tornara inesquecível para
mim e para todos os habitantes do lugar. Infelizmente, eu assistira tudo. Vi
minha filha sendo seduzida pelo... Pelo... Bom... Contarei como a história se sucedera.
Tudo se iniciara num
sábado à tarde quando Abigail minha filha, acompanhada de algumas amigas, fora
à casa de Tituba, para ouvir estórias narradas por essa escrava. Elas se
deleitavam, ao ouvir, aquelas fantasiosas lendas africanas contadas por aquela
negra.
Até que naquela noite
de lua cheia, encontro Abigail, agachada de cócoras no chão. Estava de costas
para mim. Chamo por ela, mas ela não parecia me ouvir, pois parecia estar num
outro lugar. Chamo-a novamente. Desta vez, me atendendo vira-se para mim. Céus!
Quando rememoro esta cena, tenho vontade de me sufocar até que todo o ar deixe
meus pulmões. Minha filha Abigail estava plenamente transformada. Deixara
aquela sua doçura e candura, cativantes dos seus onze anos, para dar lugar a
uma hostilidade animalesca. Ela rangia os dentes como uma roedora faminta,
rosnava como um cão ensandecido, revirava os olhos alienadamente. Aquela não
podia ser a minha filha! O pior de tudo, não era aquela transformação em seu
comportamento!Era algo muito pior. Algo em seus olhos. Algo demoníaco!
Mando um escravo chamar
o padre. Neste meio tempo eu havia trancado-a no quarto. Arranhava a porta com
uma força e fúria que não pertenciam ao seu tamanho. Parecia uma besta. O preto
que eu havia mandado como mensageiro volta com a notícia:
-- O padre Samuel não
estava. Quem me atendera fora sua escrava, cuja, me disse que ele estava
atendendo a outros casos e não saberia quando retornaria.
O quê? Não conseguia
assimilar aquelas palavras. Desfaleço. Por sorte, Jeremias estava na sala e
prontamente me acudira. Não acreditava! O demônio havia possuído o corpo de
minha filha. Choro convulsionadamente. O que faria agora? Se Abigail, era a
única coisa que restara de meu amor com Elisabeth?
Podia ouvir sobe minha
cabeça, seus passos rangendo no assoalho. Olho pro meu escravo, como se ele
contivesse a solução para o problema. Ele me encara, servil.
--Conheço um curandeiro
que tira todas as coisas ruins do corpo, senhor...
Lá, era eu um
protestante que iria à busca dum pagão?Mas era a única forma. Digo ao escravo:
-- Vá buscá-lo
imediatamente.
***
O curandeiro era indígena. Tão logo, pôs-se a agir. Pegou dum cachimbo e bafejou sua fumaça no rosto da possuída. Agora não restava mais dúvida, ela estava endiabrada!
Nesse ínterim, o
caboclo, pronunciava palavras que eram ininteligíveis para mim. Contudo, não parecia surtir efeito. Pois ela
ainda estava a rosnar.
O dispenso.
O dispenso.
Fico só na sala. A
minha salvação seria o padre Samuel! Mando Jeremias procurar por ele.
Onde estaria o padre?
Onde estaria o padre?
Felizmente, logo
Jeremias chegara .Samuel,tinha a cara abatida.
-- Bom dia... Desculpe
a demora, é que a cidade inteira está sofrendo destes surtos. Até minha
sobrinha... Satanás está usando nossas crianças para brincar conosco... Há
alguém agindo em seu nome. Cadê onde ela está?
-- Lá em cima. –
indico.
***
Ela ainda estava presa a cama. Assim que o
padre adentrou no quarto, ela começou a rosnar insanamente. Samuel pega o
crucifixo e o põe na testa da minha criança. Abigail tenta se desvencilhar só
que não consegue. O padre pronunciava algumas palavras que tinha pra mim como
latim. E pergunta:
-- Quem és tu?
-- Sou Abigail.
—responde sem aqueles rosnados.
-- Quem te causou esse
mal?
-- A escrava Tituba,
Sarah Good e Sarah Osbourne. — responde minha filha. Desamarro-a e abraço. O
padre toca em meu braço e diz:
-- Posso conversar a
sós com você?
Balanço a cabeça.
Voltamos a sala.
-- O que sua filha
disse, outras crianças também o disseram... Isto é caso para um julgamento.
Daqui irei à casa do juiz. Lúcifer está usando essas mulheres...
Concordei. Tinha de ser
tomada uma atitude o quanto antes. Conversamos mais um pouco e nos despedimos.
No dia seguinte, as
bruxas foram a julgamento. As crianças enfeitiçadas e tidas como testemunhas,
apontaram outras mulheres de bruxaria. Algumas d negavam a acusação,no entanto, acabavam enforcadas. Sarah Good e Sarah Osbourne morreram minutos antes de serem
julgadas. Tituba confessara tudo com um sorriso, amarelo e cínico, contudo fora
absolvida.
No total vinte pessoas foram executadas e duzentas mantidas presas.
O
texto supracitado é uma adaptação, feita por mim, à partir da famosa lenda da Bruxa de Salém.Logo, ela fora sujeitada a modificações.Contudo, tentei manter-me o mais fiel possível a história.
Fale com o autor : https://www.facebook.com/raffael.petter
EU tenho que fazer um homework e preciso saber se essa é a historia original... Mas EU gostei muitissimo dessa,��
ResponderExcluirEU tenho que fazer um homework e preciso saber se essa é a historia original... Mas EU gostei muitissimo dessa,��
ResponderExcluir