8. A Adaga do inferno, o
seu sacrifício e os condenados.
Estava de joelhos a
frente da lareira. Sentia o calor das chamas lamberem meu rosto e o suor
escorrer pelas minhas têmporas e costas. Meu cabelo estava totalmente
encharcado.
Não tinha como
escapar.
Meus braços estavam
soerguidos, presos por duas mãos gigantescas e inquebráveis de ossos. Como
escapar duma armadilha que não afrouxa o aperto nem por um segundo?E, pensar
que aquilo tudo era por minha culpa. Por que aceitei Rubie como parceira? Por
que confiei em suas palavras? Em nosso pacto?
Agora sabia o
verdadeiro significado daquela máxima: Nunca
aposte a sua cabeça com o Diabo. No meu caso seria: Nunca aposte sua cabeça com um demônio, pois você pode tê-la decepada.
Começo a rir.
--Por que ri
demônio?—pergunta-me Belzebu que nessa hora estava em minha frente.
Desgraçado.
Se eu pudesse
explodiria você, Rubie e seus capangas, mas meu peito arfava feito uma sanfona
descompassada; meu coração parecia acompanhar o mesmo ritmo, incendiando minha estrutura.
Seria o ódio fervendo de mim?Penso que sim.
Sorriso e pergunto:
--Então, o que vocês
vão fazer comigo?
--O que você acha?
--Vão me mandar de
volta pro inferno?—chuto.
--Não. É muito pior
do que isso. Você vai morrer —diz-me ele com um sorrisinho descarado.
-- Como assim? Você passou pro outro lado Belzebu? Virou um alado?—pergunto
sardônica. Ele me olha durante alguns segundos com os olhos em brasas e depois
me desfere uma bofetada que me dá a sensação de ter a cabeça quase decepada. A
mão dele era grande e fortíssima, parecia de ferro. Instantaneamente pude
sentir meu rosto ferver como se houvessem jogado nele um prato de sopa quente.
--Nada disso sua
tola. Possuo algo capaz de matar um demônio, mesmo não sendo uma arma fabricada
por anjos. Possuo a adaga do inferno, arma criada por Lúcifer para destruir
tanto anjos quanto demônios.
Ao dizer isso ele
retira de dentro da jaqueta uma adaga em ouro incrustada por pequenos rubis,
que rebrilhavam com o flamejar do fogo crepitante da grande lareira.
Desembainha lentamente a adaga e roça-a em seu indicador furando-o fazendo
quase imediatamente brotar uma gotícula vermelha e intensa de sangue qual deixa
espatifar-se no chão.
--E o que você ganha
com isso?
--Mil coisas. Uma
delas é trazer Lúcifer de volta. E para tal ele precisa de um corpo e um
sacrifício, que é você.
Engulo em seco.
Estava perdida.
***
Estávamos à frente
da grande porta de entrada. Uma porta maciça e negra de madeira. Havia
entalhado nela um círculo com inscrições que já me eram familiar. Aproximo-me
dela e faço um gesto rápido e melífluo em forma de crucifixo. Espero alguns
poucos segundos. A posta despedaça-se em triângulos.
Havia aprendido com
Rafael.
Apesar de vários
anos de experiência em campo de batalha eu desconhecia ainda algumas artimanhas
feitas pelo povo do inferno. Eles eram muito engenhosos e habilidosos na arte
de armar.
A lua prateada
iluminava fortemente o postigo da antiga porta. Quando estava prestes a
adentrar no hall de entrada escuro e silencioso, Rafael me segura firmemente
pelo braço.
--Que foi?—pergunto.
No mesmo instante
Miguel me indica o chão negro de mármore. Não via completamente nada. Para mim
não havia completamente nada aonde meu irmão indicava. Vendo que não entendesse
ele logo se prontifica para me explicar.
--Há outra armadilha
ali, veja—diz ele tomando minha a frente. Retira da sua asa esquerda uma pena.
Joga-a sobre o lugar que me mostrara momentos antes: a pena ao aterrissar no
solo negro começa a queimar, até tornar-se cinzas.
Fico boquiaberto com
a engenhosidade dos demônios.
-- Outro selo? Este
era capaz de nos ferir?—pergunto curioso. Pois o selo que havíamos desativado
outrora fazia com que, nós arcanjos, fossemos exorcizados. Pelo jeito aquele
era uma armadilha muito pior e bem mais perigosa.
--Sim é outro selo.
É perigoso. Não é capaz de nos matar ou nos exorcizar, mas este selo tem o
poder de causar-nos queimaduras irreversíveis.
Rafael faz um gesto
para Uriel, que assistia a tudo a certa distância, ele viesse. Ele aproxima-se
da entrada da porta e desembainha sua espada dourada e reluzente. A brandi no
ar proferindo certas palavras da época da grande batalha entre o céu e o
inferno crivando-a no solo como uma força descomunal. O que causa um verdadeiro
terremoto. A terra mexe-se durante uns segundos, espantando animais notívagos
que se escondiam nas lúgubres árvores e arbustos do jardim maltratado que
cercava aquela velha mansão abandonada.
Mas o espetáculo
maios acontecia dentro da casa. É que se podiam ver agora vários selos
arroxeados a cintilarem fortemente no chão. O formato era o mesmo do selo anterior
só que, obviamente, havia alguns caracteres diferentes. As armadilhas mais de
vinte (pelo menos até onde fora possível meus olhos contar) espalhavam-se para
todos os lados.
--Vamos, agora
podemos entrar... Mas tomem cuidado, poderá haver outras armadilhas... —alerta
Rafael.
Aquilo pouco me
importava! O que interessava era chegar onde Yzael estivesse e salvá-lo. O amor
de pai que sentia pelo meu filho podia ser considera por alguns arcanjos, um
verdadeiro sacrilégio, pois não estava nem um pouco ligando para a concha da criação.
Pra mim ela era o de menos.
O que interessava
era vida de meu filho.
Após ter saído do
hall de entrada do casarão. Quando chegávamos perto dum longo e escuríssimo
corredor, Rafael e meus irmãos arcanjos estacam ao mesmo tempo.
Rafael profere
certas palavras que o significado não me eram inusitado.
--É o que estou
pensando?—pergunto prevendo o que estava prestes a acontecer.
--Sim, é— responde-me abaixando a cabeça.
--Saquem vossas
espadas irmãos!—berro incentivando os meus consangüíneos retirarem da bainha suas
espadas.
O que iríamos
enfrentar era algo muito mais perigoso do que estes míseros selos que foram
impostos para tentar retardar nosso avanço. Sou o primeiro a pisar no corredor.
Tinha de assumir meu
papel como líder. Empunhava minha espada reluzente que iluminava todo o
corredor com o seu brilho intenso e dourado.
Iniciamos a marcha
pelo corredor quando vozes sussurrantes quebram o silêncio e um cheiro
insuportável de pele queimada corta o ar. Parecia com o os tempos antigos. O
tempo em que trancafiamos Lúcifer e sua horda das trevas.
Eu, Rafael e os
outros, sabíamos muito bem do que se tratava e os riscos que corríamos.
Olho pro teto e
constato o que havia previsto.
Sim, eram eles. Os
condenados do inferno. A escoria da escoria de todos os seres existentes. As
criaturas mais pérfidas que de todos os planos. Criaturas nascidas da
inteligência maquiavélica de Lúcifer.
Aquela seria uma
dura batalha de se vencer.
CONTINUA...
Oi Raffael!
ResponderExcluirMuito obrigada por ter gostado do meu blog! Eu lembro da época em que Fullmetal passou na tv aberta...uma pena terem parado porém logo o mangá foi lançado e acompanhei a obra assim; depois baixei o anime pela net rs.
Espero poder contar com sua presença no blog mais vezes!
Sobre sua obra..li esse capitulo e fiquei interessada..uma temática mais terror e suspense..legal!
bjs
Fala meu brother, Blz...
ResponderExcluirvaleu pela sua visita e seu comentario...
Ainda nao publiquei um livro, tenho apostilas, entre outros materiais, mas livro mesmo, ainda nao.
Lembre-se, vc é um escritor, o que faz uma pessoa ser escritor(a), nao é o Livro produzido, e sim, o chamado, o legado, o Dom...
Tbm gosto de conhecer pessoas, esta dificil encontrar poetas e escritores, encontro muito pessoas que gostam de escrever, é diferente...
Temos "maneiras e gostos" distintos, mas podemos , sim, quem sabe, fazer uma parceria, ( Seja para divulgaçao de trabalhos, ou trabalhar juntos).
De qualquer forma, obrigado por sua visita, volte sempre...
"O que faz de você um poeta(escritor), não é como você escreve, e sim, de onde vem a inspiração"
*Desouza