Soltei
um suspiro largo e encarei Julie. Tão bela, tão delicada, mas tão falsa...
Em
breve, me livraria dela para sempre. No começo havia sido um caso. Meros amantes.
Sexo casual, mas com o passar do tempo ela quis transformar aquela relação
fútil e banal em algo mais serio, um compromisso. Quantas vezes ela não me perturbara
a paciência com aquela voz de criança assustada, quer ela tinha,questionando
quando eu deixaria a gorda da Amanda.
Eu
mentia lógico. Dizia que logo mais. O que não passava dum pretexto para
continuar transando com ela.
Estávamos
nós dois sentados ali naquela, pequena mesa de toalha engomada branca em meu
apartamento particular na Avenida Paulista.
Havia
a chamado porque ela iria cometer o desvairo de ir ter com Amanda, certa vez
que eu e Amanda saíamos dum cinema.
Por
pouco ela não tinha avariado meus planos ou até mesmo os destruído de uma vez
por todas— apesar de Amanda ser uma anta e não
enxergar um poste a sua frente.
— Então?Quanto você quer para me
deixar em paz? —pergunto após ter bebido um pouco de café de minha xícara.
—Você sabe muito bem o que eu
quero... —disse ela com uma voz esganiçada. Julie realmente estava acabada. A beleza
daqueles olhos azuis era turvada pelas bolsas de olheiras salientes, os cabelos
estavam soltos, desgrenhados como uma espécie de selvagem, como espécie de
leoa...
—E você sabe muito bem que não posso
romper com Amanda agora...
—Mas você disse...
—Eu sem muito bem que eu disse... —falo
rispidamente. — Mas no momento não vai dar para eu romper com ela... Isto é,
nem nos casamos ainda...
—E o nosso amor não conta? —quando
ela disse isso pude sentir um bafo de álcool batendo em minha cara, me deixando
nauseabunda por uns instantes. Ela deve ter bebido como sempre quando está
nervosa. — Eu pensei que você gostasse de mim... —disse para depois cair em
prantos.
Sentia-me dentro duma novela mexicana.
O que ela queria?Aliás, o que uma mulher fácil como aquela esperava dum homem
rico pertencente à alta elite paulistana como eu?Acho que ela pensou por breve,
mas por um breve momento, que íamos nos casar...
Pobrezita...
—Quanto você quer? —pergunto frio.
—500 mil reais... —disse ela secando
o muco e lágrimas que atravessavam seu rosto com os punhos. —Posso te perguntar
uma coisa?
Aceno a cabeça.
—Você me amou?
— Você quer saber mesmo a verdade?
—Sim. Quero.
—Não, nunca te amei... O que tivemos
fora uma espécie de fogo de palha sabe? —explicava a ela que me olhava com
ódio. —Você foi apenas uma apaixonite passageira...
—Bom saber. Passo amanhã, para
buscar o dinheiro. —disse ela secamente, levantando-se da mesa e batendo a
porta com toda força.
***
Acordei na manhã seguinte, com
tilintar da campanhia. Devia ser ela, Julie.
Cimo a empregada havia recebido
folga no dia, vou eu mesmo atender a porta. Era ela mesma, Julie , com a mesma
roupa que usara no dia anterior.
Ela mascava chicles, quando disse:
— Cadê a grana?
—Entre. —convido.
Ontem a noite tinha feito ido no
banco sacar o dinheiro, o tinha posto dentro duma valise que estava debaixo da
minha cama.
—Espere aqui na sala, enquanto vou
buscar o dinheiro.
Vou
ao meu quarto e volto pra sala, me deparando com Amanda.
—Olá, querido, você não vai me
apresentar sua amiga? —disse ela com aquele rosto redondo e gordo com um
sorrisinho no final.
—Ela é... —gaguejo. —Ela é a filha
da emprega tento mentir...
—Ora, essa querido diga a verdade.
—Que verdade? —pergunto.
—Ela é ou não é uma puta?
—Sou sim Amanda. —disse Julie com um
sorriso estampado no rosto. Elas se olhavam como se conhecessem.
Não, não aquilo não poderia ser
possível.
—Vocês se conhecem?
—Sim, querido, nos conhecemos sim.
Ela é uma atriz contratada por mim, para dar em cima do meu futuro marido. É
uma espécie de teste antecipado de fidelidade. Sabe como é, né. O mundo hoje em
dia está cheio de oportunistas...
Lembrando bem, fora Amanda que me
apresentara Julie naquele baile de gala, da alta sociedade... Tinha conhecido
Julie pouco tempo depois de Amanda. Trocamos telefones escondidos e começamos a
nos relacionar...
Então aquilo tudo, desde o princípio
não passara dum teste!
Olhei
para Julie que havia tomado uma postura completamente diferente. Estava seria,porém
mantinha nos lábios um sorriso irônico.
—Não se preocupe, não contarei para
ninguém. —disse ela se levantando do sofá em seguida por Julie. —Desde que você
não se atreva a dirigir uma palavra sequer a mim.
Concordo
com a cabeça e deixo ambas saírem pela porta...
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