domingo, 5 de maio de 2013

O DESEJO

rafafel petter
Robert passeava com seu cachorro pelo Ibirapuera como já era de costume. Todas as manhãs ele levantava as seis e tomava o cachorro pela coleira que a essa altura esperava pelo dono, completamente excitado.
Numa dessas vezes em que passeava pelo parque Robert tem sua corrida interrompida por um homem estranho vestido de vermelho (quando digo de vermelho é verdade, pois ele usava até meias vermelhas), qual lhe pergunta:
—Qual o seu maior desejo? — o homem mantinha um sorriso e um brilho no olhar estranho, que Robert mal notara, pois levava aquela situação toda na esportiva.
Então ele diz:
— Ah, com certeza é ser muito rico! — disse ele rindo para aquele cara estranho, que sorria um sorriso amarelo, esquisito, diria até um tanto malicioso...
Robert era um daqueles típicos empresários que competiam com todos, só para aparecer mais poderoso do que seu oponente. Logo, ele seria capaz de fazer qualquer coisa para conquistar o que almejava.
—Você faria qualquer coisa para se tornar rico? —pergunta o homem interessado, olhando pro cachorro para o cachorro que rosnava ameaçadoramente para ele, porém, algo interessante acontecera: assim que o aquela figura escura olhara para o cachorro, este ficara quieto, com rabo entre as pernas ganindo baixinho, com medo...
—Sim. —respondera Robert.
Apesar de ser um empresário de sucesso, ele não era tão rico assim. Além de que nunca é demais querer mais, dinheiro, não é?
Pois bem, era assim que ele pensava.
—Então, aperte minha mão e você será um homem rico... —disse o homem de terno vermelho oferecendo sua mão esquerda. Se Robert tivesse prestado atenção nos olhos daquele cara ele teria percebido que assim que tocara em sua mão, olhos dele soltaram faíscas...
E tentando entrar na brincadeira, Robert diz:
— O que você vai querer em troca?
— Mais tarde virei pegar algo do meu interesse, está bem? — disse o homem desaparecendo no ato.
Robert piscou os olhos uma série de vezes porque não sabia se aquilo fora real ou algo de sua cabeça. Chegou a olhar para cachorro como se ele tivesse respostas... Inclusive se possível gostaria de perguntar se ele sabia explicar o motivo de sua mão direita está tão quente...
Pouco tempo havia se passado desde aquele dia em que Robert havia se encontrado com aquele homem de terno vermelho. Depois, daquele dia as coisas haviam lhe acontecido tão rápido que mal conseguia acreditar.
Era dono de uma multinacional em vários países e sua empresa dominava o Brasil. E ainda por cima, em que certa vez, passava por uma lotérica, decidira apostar e conseguindo ganhar o prêmio no valor de vinte e cinco milhões de reais.
Depois de um ano, já não precisava trabalhar, porque tinha pessoas especializadas para isso, que tomavam de conta de sua empresa. Uma vez ou outra dava sua opinião nos negócios.
Como de praxe ele retomara a corrida matinal com o cachorro que sempre fazia.
Naquele dia, o Ibirapuera estava toldado por uma densa neblina, não conseguia ver muito bem, mas ele queria continuar, retomar aquele velho hábito.
Caminhava por uma rua estreita perto de árvores gigantes e bem velhas quando se depara com o velho do terno vermelho.
—Olá, se lembra de mim? —perguntou aquele que deixara Robert rico. Ele parecia a mesma roupa do encontro de dantes.
— Oi. — disse Robert meio desconcertado. — Obrigado, sem você não sei se conseguiria...
—De nada... —disse ele encarando Robert duma forma estranha.
—Não estou com dinheiro aqui, mas se você...
—Mas não quero dinheiro...
—Então, você quer o que? —perguntou o empresário estranhando, encarando pela primeira vez aquele ser de vermelho.
A boca dele trazia um sorriso maligno de outro mundo, parecia uma daquelas mascaras medievais que representavam a comédia. Os olhos eram vermelhos muito vermelhos...
Foi então que ele disse:
—Quero sua alma!
Foi a última coisa que Robert ouvira, pois depois de tentar se afastar e segurar o peito como se estivesse tendo um ataque cardíaco,ele tombara no chão como uma estátua.
O homem de vermelho sorriu para o cachorro e desapareceu no espaço, deixando no ar um rastro de enxofre.

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