Acumulava,
pois me sentia vazia por dentro e por fora. Então para preencher tal vazio eu
acumulava, revistas e jornais. Já era conhecida na vizinhança por passar em
frente às casas, indo aos montes de lixos assentados nas calçadas, em busca de
revistas e jornais de hoje e ontem.
Nenhum de meus vizinhos falava comigo,
pois eu os evitava. Eram hipócritas. Falavam de mim pelas costas, afastavam-se
de mim quando transitava na mesma calçada ou rua como se fosse uma espécie de
diabo. As crianças destes, crentes no que os pais narravam sobre mim,
fugiam terrificadas.Havia aquelas mais ousadas quais lançavam pedras em direção
ao meu telhado ou miravam o vidro de minha janela.
Aquilo tudo só me aumentava o buraco
que sentia em meu âmago.
Tinha de acumular, tinha de acumular,
tinha de acumular, tinha de acumular, tinha de acumular, tinha de...
Quanto mais o tempo passava, mais eu
acumulava. Era como se um buraco negro existisse dentro de mim. Um poço sem
fundo. Enquanto, atulhava minha casa com essas coisas, fingia que não notava
que o espaço dela diminuía cada vez mais. A casa estava ficando inabitável,
contudo, eu continuava vazia.
Certa noite, subo ao segundo andar de
minha casa para guardar umas revistas que recém coletara.Desço e vou me deitar na
sala: único lugar ainda possível. Fecho os olhos e sinto o vazio
percorrer todo o corpo. De repente, ouço um estalo fortíssimo vindo do alto
e....
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